Eu sei como é a sensação de dormir e acordar
pensando em alguém. De sorrir igual bobo olhando uma parede branca. Fazer
planos e sonhar de olhos bem abertos. Eu sei como é a sensação de enxergar
coisas onde não existem, de alimentar sentimentos unilaterais. Eu sei como é a
sensação de sair com muita gente e desejar estar com apenas uma, que mal
sabemos onde está se divertindo essa noite. Eu sei como é a sensação de abraçar
o travesseiro para conter a saudade que transborda nos olhos. Eu sei como é
lembrar desse alguém em cada momento, em cada detalhe. Eu sei como é a sensação
de querer mais do que o caso, moldar uma vida inteira com alguém. Eu sei como é
a sensação de ir para a balada, querendo estar no cinema de casal. Eu sei como
é a sensação de escutar uma música e lembrar, incessantemente, de alguém. De
sentir falta dos instantes que nunca, sequer, existiram. Eu sei como é a
sensação de me perguntarem qual o meu status, eu responder com uma negação o
que poderia ser um sorriso enorme, com muito orgulho. Seguido do seu nome, nosso
endereço e uma aliança. Eu sei como é a sensação de tentar preencher um espaço
que nada se encaixa. Eu sei como é ter vários contatos no celular, todos no
silencioso. Eu sei como é ignorar mensagens e convites, sei como isso dá
preguiça. Eu sei como é seguir em frente olhando para trás. Eu sei como
é receber curtidas e comentários de quem não faz a menor diferença. Eu sei
como é a sensação de querer e não poder. Eu sei muito bem, e como isso é
dolorido…
Eu sei como é a sensação de querer alguém que não te
quer. De ficar estagnado em um relacionamento que só existe na sua cabeça.
Eu sei como é a sensação de ser tachado de idiota por todos ao redor. Eu sei
como é a sensação de tentar ficar feliz, quando na realidade, tudo o que mais
queremos é chorar sem parar. Eu sei como é a sensação de forçar passeios só
para tentar pensar menos nesse alguém, e nada adiantar. Eu sei como é a
sensação de ter o melhor a oferecer e desprezarem. Eu sei como é a sensação de
romantizar um copo de bebida. Eu sei como é a sensação de beijar outras bocas
tentando esquecer, mas acabar lembrando ainda mais. Eu sei como é a sensação de
querer tanto alguém, a ponto de não relevar o amor próprio ao nível mais alto
do egocentrismo. Eu sei como é querer alguém que não te assume, que não move um
dedo por você. Eu sei como é a sensação de não conhecer direito, mas mesmo
assim continuar querendo. Eu sei como é estar disposto a completar qualidades e
defeitos, completamente, desconhecidos. Eu sei como é a sensação de assistir o
pôr-do-sol e toda essa inspiração não ter sentido algum. Assim como o brilho da
lua.
Eu sei como é
a sensação de não frequentar os mesmos lugares que sempre esteve, por não saber
como lidar com o aperto no peito. Eu sei como é a sensação de se prender em
inúteis objetos, tornando-se materialista. Eu sei o quanto dói a falta de
reciprocidade, e você também sabe disso.
Amadurecer, talvez seja
isso, deixar ir embora o que já tivemos medo de perder. Sendo assim, para o meu
coração, por mais que eu diga adeus para esse alguém, ir embora nunca
significou esquecer. (Jessica Pellegrini)
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